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Atuando desde 2019 com a comercialização de créditos de carbono e certificados de energia renovável vindos de dois complexos eólicos no Piauí, a Auren Energia decidiu há 4 meses criar uma unidade de negócios dedicada a esse mercado, que vem crescendo aos poucos no Brasil de forma voluntária e ainda timidamente pela parte da regulação.
Em entrevista à Agência CanalEnergia, o diretor de Comercialização da Auren, Eduardo de Oliveira Diniz, destacou que as premissas ESG aqueceram cada vez mais as reuniões e conversas com os clientes, com a companhia vendo uma oportunidade de mitigar muitas das dores dos executivos através de um negócio que tem rendido cerca de R$ 20 milhões por ano aos cofres da empresa.
“É um negócio rentável e com sinergia à venda de energia. Então decidimos ter uma equipe dedicada para extrair mais resultados e oferecer mais produtos adjacentes na plataforma”, comenta Diniz, afirmando que a área trabalha com uma média de 1 milhão de toneladas de carbono por ano, totalizando 3 toneladas desde o começo das operações.
A ideia da Auren é se colocar tanto como trader, gerador e desenvolvedor de novos projetos, seja através de projetos de energia ou até mesmo de áreas florestais, mostrando querer participar ativamente da construção do mercado brasileiro de carbono. “Compramos alguns créditos de projetos florestais, por uma demanda que tem surgido por alguns clientes”, complementa, citando a possibilidade de parcerias no futuro para desenvolver projetos internos e externos para esse tipo de crédito.
(Fotos: Divulgação/SM2 studio)
Clientela
A grande parte dos créditos foram vendidas para o exterior, principalmente Europa, Ásia e Estados Unidos, ainda que tenha alguns clientes no Brasil, como no setor de eventos, bancos, indústria, comércio e telefonia. Segundo Diniz, quem mais aposentou crédito em parques eólicos da companhia foi a Delta Airlines, visando compensar as emissões de todos seus voos.
“Para vender o crédito de carbono a uma empresa de aviação tem que ter um selo especial de quem investe na parte ambiental e social além da geração renovável”, acrescenta o executivo.
A avaliação é de que a importância desse mercado para os investidores internacionais só vem aumentando, sobretudo por conta da crise que a Europa vem passando pela falta de gás e energia em função da guerra na Ucrânia, tendo que recorrer a termelétricas e não conseguindo atingir suas metas de neutralidade ambiental. Só em 2021 a Auren afirma ter realizado a venda de 155 mil toneladas de créditos de CO2, gerando uma receita de R$ 5 milhões.
“Cerca de 80% do PIB mundial vai ser Net-Zero até 2060 e isso tem se tornado público na agenda global. A tomada de decisão de grandes indústrias estão lá fora, como a Volkswagen, que temos negociado, além de outros já postos no Brasil como o Banco Inter e a Copa Truck”, salienta Diniz.
Decreto e perspectivas
Sobre o decreto lançado em maio deste ano, o diretor entende ter sido um primeiro passo aquém das expectativas do mercado e que é preciso avançar em questões que influem em dificuldades nos créditos florestais, como registro da terra, qualidade do crédito, barreiras políticas e assimetrias de informação. “São muitos desafios e acho que o Brasil será protagonista se o mundo quiser cumprir suas metas com as emissões”, pontua.
Ele também destacou que a Auren vem participando de um grupo de estudos cuja função é estruturar ações chave e endereçar os principais desafios ao desenvolvimento do mercado de carbono voluntário no Brasil. A iniciativa está sendo capitaneada pela consultoria McKinsey, em parceria também com a Raízen, Bayern, Vale e outras empresas.
Ademais Eduardo informou que em 2023 a meta da companhia é atingir pelo menos R$ 30 milhões de faturamento anual com os créditos, além de definir o processo para selecionar quais parques eólicos e também o primeiro projeto solar, que está no início de obras, serão utilizados para esse segmento, estudando nesse momento algumas certificações e avanços no mercado brasileiro.
“Estamos indo para a COP27, no Egito, acompanhar de perto as discussões técnicas e regulatórias do artigo 6 do Acordo de Paris, vinculado ao desenvolvimento dos mercados de crédito de carbono”, finaliza.